quarta-feira, 12 de dezembro de 2012


Você que não aceita ser de alguém.

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Minha mãe dizia que existem três coisas horríveis que podemos sentir pelas pessoas: Raiva, nojo e pena, e três coisas horríveis que podem fazer conosco: Mentir, trair e partir. E eu estou te encaixando em todas elas, sem metáforas ou poupar palavras, tenho raiva de como usa a desculpa de não prestar pra machucar as pessoas, não qualquer pessoa e sim a única que aceitava seu jeito que estava disposta a arriscar e você jogou fora porque é mais fácil não se envolver, do que tem medo afinal? De ser abandonado, de admitir que alguém possa te tocar e ferir faz parte da vida é um risco a se correr cada vez que conhecemos uma pessoa, tenho nojo das tuas mãos que já tocaram nas minhas, da tua voz que me prometeu o que estava tramando a quebrar, nojo do abraço que me deu aquele dia e de como não se importaria de ser de outro alguém aonde fui sua, e pena, de como um dia ter todas não vai bastar, beber, fumar e todas as tuas manias erradas que eu aguentava, um dia não vão suprir a falta de ter um ombro pra se encostar  e todas que você magoou vão ter alguém, vão ter te apagado da história delas, e teus amigos vão ter alguém e você estará só por que até a garota que você dizia gostar te deixou até ela cansou de aguentar sua pose de indestrutível, pena de quando perceber que não importa com quantas você ficou em um final de semana e sim com quem você passou a segunda-feira.

Mas eu gostei de você, aturei quando você ia e não dizia se voltava, fiz carinho quando estava cansado do trabalho, escutei as reclamações sobre sua irmã mais nova, me importei quando disse que estava mal e te mandei estudar, arranquei sorrisos seus e fiz piada sobre seus gostos, abusei da minha ironia e deixei você tira sarro do meu desastre, descobri as suas brincadeiras com a sua mãe e fiz parte delas, perdi horas deitada na sua cama, conheci o jeito que gostava que seu travesseiro ficasse, conhecia tuas camisas de ficar em casa e teu perfume quase vazio no canto da cômoda, e eu gostava de fazer parte do seu mundo, o longe das festas e das bebidas, gostava de quando segurava minha mão pra descer a escada e do dia que a manchei horas depois do marido da sua mãe ter a pintado, me contou sua história, da sua bagunça e do seu boletim que por mais bizarro que fosse só havia notas boas, eu vi os desenhos da parede do teu quarto, gostava das brigas pra escolher o canal e de quando me levava no ponto e pedia pra eu me cuidar, de como brincava com meu cabelo, e hoje tudo parece mentira, parece que eram só falas que ensaiava só passos ensaiados, todas as tardes não passaram de brincadeira e aquela pessoa que eu descobri era fingimento também, por que você nunca falou comigo daquele jeito, nunca foi frio, canalha e nem algo assim, e quando vi você dizendo aquelas coisas pra ela, me perguntei qual era a diferença comigo, por que sempre foi mais doce comigo, mas não, você nunca gostou, e jamais te obrigaria a gostar, não seria culpa sua que o efeito que provocava em mim, eu não provocava em você e mesmo que um dia cada um seguisse seu caminho, e aqueles abraços parassem, aqueles dias de janelas fechadas e luzes apagadas acabassem, haveria pelo menos amizade, haveria uma parte minha que sempre iria querer você por perto, pra me perguntar se quero colo, ou me fazer rir com algumas das tuas cantadas péssimas, e agora só o que sobrou é uma magoa escondida. 

Você mentiu, prometeu pra mim que nunca faria e fez, e não é questão de gostar ou amar, e sim de consideração, é questão de ter no mínimo pensando nas vezes que me pediu pra ir te ver e fui às noites que me ligou e me fez conversar a madrugada toda e eu fiquei sem me importar se teria que acordar cedo no outro dia, dos segredos que compartilhamos, mas foi importante só pra mim hoje vejo isso, que estavam certos, que nunca daria em nada, só tinha esperanças que fosse mentira quando me disseram que você não prestava, esperanças que houvesse algo em mim que te fizesse pensar três vezes antes de magoar, e me diz se não havia nada dentro de ti, por que sorria como se eu fosse a sua pessoa preferida no mundo, por que segurava minha mão como se tivesse medo de me perder, por que me tratava como alguém especial, por que reclamava quando não te ligava, era só comodismo de ter alguém que sempre faria de tudo por você?


Já fez tudo pra me ferir, só falta partir não dos meus dias, isso é fácil afinal não se importa com ninguém além de si mesmo, mas quero que parta de dentro de mim, das minhas memórias, das minhas músicas favoritas, dos meus lugares e dos meus textos, que seu número pare de passar pela minha cabeça e que não queira disca-lo a cada segundo, que pare com a confusão que causa em mim. Queria não procurar seu cheiro em cada pessoa, conseguir olhar em outros olhos e não imaginar os teus olhos pequenos quando rir vê outros sorrisos e não lembrar aquele teu de canto, sentir outros carinhos e não comparar aos teus, queria só ser a mesma de seis meses trás, voltar naquela sexta-feira e não me encantar, não te adicionar, ou cortar o assunto quando me mandou aquela piadinha, não ter respondido suas mensagens e não ter te atendido naquele dia, queria não tá escrevendo isso parecendo uma daquelas meninas que sempre debochei, arrasada por quem não merece uma noite de insônia. E quer saber a pior parte, não sinto um fim, sinto que conseguiria perdoar e me jogar pra você de novo e ao mesmo tempo outra parte minha, sente enjoo só de pensar em te ver, náuseas do teu texto ensaiado, da sua mascara de bonzinho e do se tom sarcástico, de pensar que tua boca pode ter se encostado à dela e que pode estar dizendo a ela a mesmas coisas que disse a mim, e a pior coisa é quando do gostar só sobra essa sensação de desprezo, amor é egoísta não aceita virar algo menos, que nem você que não aceita ser de alguém.

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