segunda-feira, 1 de outubro de 2012


Naquela velha música que todos já sabem cantar, mas só nós sabemos tocar.

0
Você ta sempre batendo as portas, a cada partida sua é mais um som da porta do carro, da sala, da cozinha, mais uma porta entre tantas que você fechou pra nós. E quando volta é o barulho do seu carro fora de moda e que precisa urgentemente de uma nova pintura, que nunca conserta por que acha original, o que temos é quase uma opera, tantas melodias, notas e compassos juntos, as fortes e doloridas, as fracas e acolhedoras, um vai e vem de nós, os nossos que nunca desatam.

Estamos sempre querendo terminar a musica, trecho final, mas continuamos naquele refrão "fica, vai, volta, fica, vai" não que faça sentido, ou vire um hit de verão, mas é assim, nunca botamos um paragrafo e fim, talvez adiemos a ultima nota musical por que preferimos a dor do que o fim, lá no fundo atrás do nosso orgulho que diz que precisamos acabar com tudo isto, há algo que prefere a dor do que o silêncio, nunca fez sentido insistir nessa nossa composição, junção, por que cá entre nós sabemos de trás pra frente e de frente pra trás,  que o som do meu coração não é compatível com os acordes dos teus pensamentos, você tá mais pra um rock e eu pra MPB, acelerado demais pro meu ritmo calmo e frágil.

E ainda sim,você insiste em voltar com sua blusa larga, seu boné de lado e seus palavrões então pra me afastar procuro defeitos,sua barba mal feita, seus vícios horríveis, sua falta de compromisso com a verdade, mas esqueço todos quando me acolhe nos teus braços, naquele calor que já faz parte da minha frieza, nas tuas andanças por outras esquinas. Queria trancar as portas, tampar as janelas, escutar mais meu corpo do que nossos sons, queria passar reto por nossos cantos, e parar aquela sensação estranha de que está sempre faltando uma parte, cessar nossas músicas, caminhar sem precisar da sua mão entrelaçada na minha.

Doí, há moço como doí, sempre que bate outra porta, esbraveja nosso amor e jura nunca mais voltar, dói sentar na cama e escutar os velhos conselhos e dura uma semana aquela rotina de não ter sinal de vida, saber se exagerou no álcool e se perdeu, olhar pras ruas esperando ouvir o som do teu carro retornando pra minha porta com suas desculpas ensaiadas. Doí demais saber que você precisa partir pra assim dar valor e é constrangedor ter a plena certeza que vai dar errado como todas as outras vezes e mesmo assim te espero ali sentada com um sorriso de orelha a orelha como se fosse a primeira briga, e já me perdi nas contas é o que a nossa decima briga este mês?

Me pergunto todas as vezes que te vejo sumindo pela rua, se vou enjoar da nossa repetida música, que toca semana sim e semana não dentro de mim, que ganha as mesmas rimas, antes precisava de novos ares e depois de você passei a precisar só dos teus mesmos sorrisos. Mas isso é só mais um desabafo, por sei que que quando o dia me avisar que está na hora do seu chegar, correrei para aquele teu perfume enjoativo e suas rosas de plastico, pros nossos bares, nossos mares e indecisões. Naquela velha música que todos já sabem cantar, mas só nós sabemos tocar.

0 comentários:

Postar um comentário